terça-feira, 7 de abril de 2009

ACORDO OU ACORDO, EIS A QUESTÃO!

José P. di Cavalcanti Jr.

Acordos e mais acordos... Onde digo "ô" e onde digo "ó"?
Viagens internacionais... algumas, de menos importâncias, tão nacionais que se limitam a idas e vindas por entre os bairros, mas viagens de grande repercussão assim mesmo. É o que leio, o que me informam. Parece até conferência de paz pela ONU. Antes, porém, como faria se pêlo tivesse, detenho-me pelo caminho e pelo o pêlo do bigode (que, já disse, não tenho).
Problema sério, esse, não só o de saber onde ficam os acentos, sobretudo os caídos, mas o de dizer ao barbeiro que o acordo ainda não saiu do papel! Ultimamente, em virtude de meu comportamento, meu barbeiro anda me achando um tanto estranho, com umas conversas de maluco...
O último acordo foi assinado em Lisboa, em 1990, destinado ao países de expressão em língua portuguesa: os chamados PAOLP (países do acordo ortográfico da língua portuguesa). Contudo, Brasil e Portugal, ou Portugal e Brasil, tanto faz para mim, não chegam a um acordo. Não faz muito o Congresso votou esta matéria, mas tudo continua na mesma - quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Muitos, em Portugal, acreditam-se donos do idioma. Outros tantos, no Brasil, dizem que não falam Português, mas "Brasileiro" - parece até aquela história de suma importância sobre eu, brasileiro, ter sido descoberto ou encontrado por ele, português; tal diferença muda tudo em minha existência. Uma baboseira só de ambas as partes só explicável (justificável, jamais) se houver $$$ enfiado aí pelo meio. Quanto vale, no mercado financeiro de hoje, um acento? Crase deve valer uma fortuna!!!
Sinceramente?
Não sou contra um acordo, e que sirva a todos, de forma racional, com critérios lúcidos, sensatos e respeito às coisas ditas locais, regionais, é óbvio, mas que trate do belo idioma que é o nosso, e de todos que o aprendam e o respeitem, Português: economiza, unifica, traz uma quantidade imensa de vantagens, inclusive mercadológicas, editoriais, etc, ainda que o britânico escreva "honour" e "colour" e o americano "honor" e "color" e que o idioma Inglês, língua de duas das nações economicamente mais ricas do mundo, seja o mais falado no mundo, a render incalculáveis divisas - entenderão isso, algum dia, os "tolos" que ficam a tirar e a colocar acentos porque precisam justificar os assentos que pensam ocupar?). O que me irrita é o tal "cabide de emprego".
Um bando de "desocupados" que tiram o acento de "côr" e eu preciso saber de cor que cor passa a ter o lápis de cor que traz a tabuada que precisei saber de cor - os ôs e os ós viraram uma coisa só numa língua que sempre teve acentos para a diferenciação (teriam os americanos com seus "enough", "tough" e "off" nos quais "ough" e "f" são a mesma coisa, alguma influência ou as coisas mudam aqui depois que certa rede de lanchonetes estabelece que carne bovina e peixe têm o mesmo gosto, ou seja, sem acento, o gosto de papel?). Recebi, quando criança, cartas de meu avô nas quais a palavra para designar o pronome "ele" era escrita "êlle", mas porque o nome da letra L forçava a abertura do som da primeira vogal, porém, meus professores alertaram-me que "êlle" era, na verdade, "êle" com apenas um só L mas nunca me disseram que seria, mais tarde, "ele", com um L só e com o "e" sem ser "ê" (importantíssima alteração que, até hoje, interfere em minha vida), o que faz com que o "ele" seja o mesmo que o "ele". Vocês entenderam? Não? Não entenderam que a letra L (que é um "êle" aberto, tipo "éle", sem acento, porém, como o outro mas pronunciado de forma diferente embora permaneça igual, o que faz a diferença desta igualdade diferente do que é igual tornar-se provisoriamente, até que outros "desocupados" resolvam de forma diferente, diferente?) ele corre o risco, filológica e semanticamente, evitando-se aqui citar qualquer propedêutica ("esse" que não é "s" trecho, eles adorarão pois ficou bem a gosto, que é o antigo gôsto, diferente do gosto, de gostar) de tornar-se hermafrodita porque é feminina mas pronunciada tal e qual o pronome "ele" (que é a mesma letra "ele" - "L", com acento que não se vê mas se fala: éééééééééééééle) masculino do caso "reto" (olha aí o indício de talvez hermafroditismo quase declarado: o nada que é tudo a continuar nada sendo), terceira pessoa do singular? (Não se deve desmunhecar nos "éééééééééééés" pois deixaria de ser talvez hermafrodita e passaria a "bicha louca, desvairada" mesmo).
Eu acho, sinceramente, muita falta do que fazer. Ensinar a ler seria melhor. Ensinar a aprender a ler, melhor ainda!!! Formar literatos que realizem trabalhos de real importância, que ótimo!!! Ajudar jovens-de-qualquer-idade talentos em suas publicações? Que utopia maravilhosa!!! Derrubar, lembrando-se dos tempos difíceis da busca de um lugar ao sol, a "panelinha editorial" que torna praticamente impossível a divulgação e o sucesso de grandes autores anônimos de enorme valor enquanto aberrações são "best-vendedores-vendidos-sellers"? "Sonho meu, sonho meu, vai publicar noutras terras, lá longe, sonho meu!!!"
Se meu avô (qual a razão deste acento, então, se ele nunca poderia vir a ser minha avó já que o que sei de cor pode ser da cor que alguém bem entender e eu, de cor, sei que ele, o meu avô, era do sexo masculino?) escrevia "assúcar" assim, por qual motivo não escrevo assim "açim" se aquele adoçante extraído da cana-de-"antigo assúcar" agora é com "ç"?
É muita "marola", "fricotice" e falta do que fazer para justificar salários por vezes razoavelmente altos, sobretudo quando há participações em novas edições de livros e de dicionários. Ou seria melhor nova "edissão" de novos "dissionários"?
Ora, disseram-me que o sol vinha do este e pude comprovar que este sol do este é este sol que do este nasce sempre igual porque, único, no este é este o sol que nasce aqui - já que tudo é uma coisa só, quero criar e tirar novos acentos e aumentar a minha renda. A cada circunflexo caído, a juros de 1% ao dia... ora, tenham paciência porque vou tomar café com ASPARTAME!!!

José P. di Cavalcanti Jr. é escritor.